O bombardeio através das diversas mídias, faz com que esses distúrbios se intensifiquem. Claro que essa não é a única razão, mas é um forte fator contribuinte.
Hang Mioku fez sua primeira cirurgia plástica foi aos 28 anos e acabou ficando tão obsecada por cirurgias plásticas que chegou a se mudar para o Japão pelas melhores técnicas de cirurgias. Depois de tantas cirurgias que fez, ela recebeu um diagnóstico que o seu rosto não suportaria mais nenhuma intervenção, além do que já se esperava: seu vício psicológico por cirurgias plásticas.
Como ela não tinha dinheiro suficiente para fazer um tratamento psicológico, o vício pelas cirurgias continuava e Hang Mioku aplicava por conta própria silicone em seu rosto com a ajuda de uma seringa. Quando o silicone acabou e o desespero continuava, ela começou a injetar em seu rosto óleo de cozinha. Esse mesmo que você utiliza pra fritar ovo e batata.
Depois de recorrear a programas de TV pedindo ajuda, Hang Mioku conseguiu duas cirurgias de correção. No primeiro procedimento, os cirurgiões removeram 60g da substância estranha do rosto e mais 200g do pescoço.
Cirurgia Plástica
Quando a vontade do paciente não é plausível, o cirurgião plástico está apto a intervir neste processo, mediando a situação com o objetivo de preservar a saúde e o bem-estar do paciente. 
O transtorno dismórfico corporal é uma desordem mental que se caracteriza por afetar a percepção que uma pessoa tem da própria imagem corporal, levando-a ter preocupações irracionais sobre defeitos em alguma parte de seu corpo, como nariz torto, olhos desalinhados, boca muito pequena, imperfeições na pele, entre outras falhas. A ideia obsessiva sobre o defeito no próprio corpo, em geral está em desacordo com o gosto da pessoa, fazendo-a sofrer, por nunca alcançar o resultado desejado. Não há nada de errado em querer perder gordura localizada por lipoaspiração, eliminar pés-de-galinha com um lifting ou aumentar um pouco os seios com silicone. “Melhorar o corpo e rejuvenescer o rosto ajuda a manter a auto-estima lá em cima, com reflexos na vida pessoal e profissional. Mas, quando a vontade do paciente não é plausível, o cirurgião plástico está apto a intervir neste processo, mediando a situação com o objetivo de preservar a saúde e o bem-estar do paciente”, argumenta o cirurgião plástico Dr. Vitório Maddarena Jr. (CRM-SP 64.301), membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro associado da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina, integrante do corpo clínico do Hospital São Luiz e diretor da Clínica Maddarena. Na entrevista abaixo, o especialista dá mais detalhes sobre este assunto. Confira!
Dr. Vitório Maddarena.
é cirurgião plástico (CRM-SP 64.301)
A vaidade extrema pode ser um fator de influência externa? Quais outros fatores que influenciam?
A diferença entre veneno e remédio é a dose. Sem dúvida, a vaidade exacerbada deve ser avaliada por um especialista da área, como um psiquiatra e/ou psicólogo.
Hoje, uma atitude de bulling pode também ser relevante num caso de dismorfismo corporal?
O bulling é um distúrbio comportamental, em que uma pessoa vira alvo de chacota em um grupo. No caso de haver baixa auto-estima, o bulling pode contribuir negativamente para aquele que é o alvo das brincadeiras, comentários e apelidos jocosos.
A diferença entre veneno e remédio é a dose. Sem dúvida, a vaidade exacerbada deve ser avaliada por um especialista da área, como um psiquiatra e/ou psicólogo.
Hoje, uma atitude de bulling pode também ser relevante num caso de dismorfismo corporal?
O bulling é um distúrbio comportamental, em que uma pessoa vira alvo de chacota em um grupo. No caso de haver baixa auto-estima, o bulling pode contribuir negativamente para aquele que é o alvo das brincadeiras, comentários e apelidos jocosos.
Quais os casos mais comuns de dismorfismo corporal?
Um exemplo clássico é a anorexia, que por mais magra que a pessoa seja, ainda assim ela deseja perder mais peso, tornando-se caquética em alguns casos, com sérios prejuízos para a saúde, já que há uma desnutrição que compromete todo o metabolismo da pessoa, além da maior dificuldade de relacionamento social.
Como detectar que uma pessoa sofre desse problema?
Pessoas que apresentam fixação com alguma característica física é um indício de que necessita de acompanhamento e tratamento especializado.
Como em toda medicina, e na cirurgia plástica também, o primeiro passo com qualquer paciente é estabelecer diagnóstico. Quando há qualquer suspeita de acometimento psicológico, esse paciente deve ser encaminhado a um especialista. Somente depois de extinguidas as psicopatologias é que ele poderá ser submetido a uma cirurgia plástica. O cirurgião plástico não precisa saber tratar o dismorfismo, mas precisa estar atento para, ao menor sinal desse distúrbio, encaminhar o paciente para o tratamento adequado. Embora a cirurgia plástica se ocupe das adequações da auto-imagem das pessoas, é importantíssimo estar atento a distúrbios de ordem psiquiátrica que podem acometer os pacientes que chegam aos consultórios de cirurgia plástica.
O dismorfismo corporal é mais comum em mulher ou homem? Tem uma idade específica?
Essa doença é mais evidenciada no sexo feminino, muito por causa da ditadura da beleza, mas pode também ocorrer em homens.
OPNIÃO DO PSIQUIATRA:
O que é Transtorno Dismórfico Corporal?
O TDC é um transtorno mental no qual a pessoa acredita que é portadora de algum defeito em sua aparência. Geralmente o defeito é imaginário mas, por vezes, alguma pequena anomalia pode estar presente sendo que é percebida de forma acentuada pelo paciente. Quase sempre os portadores referem um profundo sentimento de vergonha por se julgarem muito feios ou deformados.
O que desencadeia esse Transtorno?
Não existe uma causa única definida. Entretanto se percebe que a “uniformização” dos padrões de beleza associado a uma preocupação excessiva em ter uma aparência adequada (seguindo esses padrões) pode ser origem do aumento do desconforto em relação a auto-imagem
É importante lembrar que não existem pessoas iguais. Entretanto podemos partilhar de algumas semelhanças dentro de um grupo ou etnia. Esses padrões de variações podem ser facilmente reconhecíveis na cor da pele, tipo de cabelo, traços fisionômicos (ex. o nariz adunco dos judeus) ou tipo de corpo (brevelinio, longilinio).
Cada vez mais, seguindo as tendências de globalização, as pessoas cultuam um padrão uniforme de beleza. A associação desses padrões de beleza a “sucesso”, “bem estar” e “felicidade” (comumente explorado nos comerciais) faz com que as pessoas busquem desesperadamente por formas corpóreas que muitas vezes não são adequadas para sua raça ou padrão genético. Vemos o exemplo de orientais que se submetem a cirurgias palpebrais para se tornarem mais “ocidentalizados”.
Esse Transtorno é associado a outros? Quais?
Existem alguns autores que sugerem que esse transtorno poderia ser uma variante do Transtorno Obsessivo Compulsivo. Os sintomas depressivos frequentemente estão presentes justamente pelo fato da pessoa não estar contente com a própria imagem levando invariavelmente à insegurança e baixa auto estima.
Li que a dismorfofobia também é conhecida como “feiúra imaginária”. Você poderia me explicar isso?
Segundo a Classificação Internacional de Doenças Edição 10 (CID10) um dos critérios diagnósticos para o TDC é uma “recusa persistente de aceitar a informação ou reasseguramento de vários médicos diferentes de que não há nenhuma doença ou anormalidade física.”. Ou seja, apesar de todos não perceberem os defeitos relatados pelo paciente, ele persiste acreditando e sofrendo por causa disso.
Como funciona o tratamento? Quanto tempo dura?
O tratamento normalmente consiste de farmacoterapia associado à psicoterapia. O tempo de tratamento depende dos resultados variando de paciente para paciente.
Que tipo de medicamentos são utilizados?
A medicação de base são antidepressivos, mais especificamente os inibidores seletivos da recaptura de serotonina. Existem relatos de associação de antipsicóticos no tratamento de casos mais graves.
Existe alguma terapia complementar para o tratamento?
Sempre que precisamos encaminhar o paciente para uma terapia complementar devemos levar em conta os tratamentos que, baseado em evidências, tem resultados comprovados. Para o transtorno dismorfico corporal a psicoterapia cognitivo comportamental parece ser a mais indicada.
O que é trabalhado durante as sessões?
O conteúdo das sessões é variado, pois os motivos que levam ao desencadeamento dos sintomas podem ser diferentes de paciente para paciente. Mas sempre é importante que o relacionamento familiar seja um tópico a ser trabalhado. Pode não ser uma regra, mas na maioria dos casos a manutenção dos sintomas pode estar relacionada a uma organização disfuncional dos vínculos familiares. A percepção da auto-imagem também deve ser obrigatoriamente trabalhada no tratamento visto que essa é a expressão da doença per se. Entretanto, esse nem sempre deve ser o único motivo de discussão nas sessões.
Por que mesmo depois de um procedimento cirúrgico, alguém que sofre com a dismorfobia não fica satisfeito?
Por que mesmo depois de um procedimento cirúrgico, alguém que sofre com a dismorfobia não fica satisfeito?
justamente porque o problema não está no corpo, mas sim na maneira como o paciente o percebe. Se uma pessoa portadora desse transtorno não se sente satisfeita com o formato de seu nariz e se submete a um procedimento cirúrgico, é muito provável que, mesmo com a aprovação de outras pessoas, ela não se sinta satisfeita e acabe a se submetendo a outro procedimento.
Essa sensação de insatisfação causa impactos no comportamento das pessoas podendo limitar sua vida pessoal?
A CID10 (Classificação Internacional de Doenças 10ª Ed.) relata que os sintomas de ansiedade e depressão estão frequentemente presentes nesses pacientes. É comum que as pessoas sofram gravemente com seus sintomas chegando a ter prejuízos laborais e pessoais. A incapacidade no trabalho não é incomum visto que muitas pessoas experimentam grande desconforto quando se expõem a situações públicas. Também devido a isso, os pacientes experimentam prejuízos sociais importantes com declínio nos relacionamentos interpessoais.
A CID10 (Classificação Internacional de Doenças 10ª Ed.) relata que os sintomas de ansiedade e depressão estão frequentemente presentes nesses pacientes. É comum que as pessoas sofram gravemente com seus sintomas chegando a ter prejuízos laborais e pessoais. A incapacidade no trabalho não é incomum visto que muitas pessoas experimentam grande desconforto quando se expõem a situações públicas. Também devido a isso, os pacientes experimentam prejuízos sociais importantes com declínio nos relacionamentos interpessoais.
Qual o perfil das pessoas que sofrem com esse problema?
Não existem características especificas. Entretanto, pessoas portadoras do transtorno (ou com risco de desenvolver) possuem uma preocupação excessiva com forma e beleza e recorrem a repetidamente a recursos com objetivo de melhorar sua imagem.
A dismorfobia atinge mais homens ou mulheres? De qual faixa etária?
Parece não existir diferença entre homens e mulheres. A idade mais comum de inicio dos sintomas é na adolescência ou inicio da idade adulta. Dr. Daniel Bittencourt de Medeiros - médico psiquiatra, Járaguá do Sul-SC
o mundo ta perdido com o que se acha que é belo,isso se tranformou em doença mental.calma mulheres,calma!
ResponderExcluirMuito Boa a matéria. A busca por um padrão deixa cada vez mais as pessoas obcecadas por alguma coisa que não tem. A mídia,as novas tecnologias, o culto a beleza afasta a cada dia mais as pessoas umas das outras cada uma no seu mundinho individualista.
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