sábado, 5 de julho de 2014

A Moda na Era Medieval

A Era Medieval foi um período da História Européia que durou do século IV ao século XV. O texto abaixo é dividido de acordo com mudanças significativas da moda do período.

Idade Média – Anos 400 a 1200

Nessa época os europeus estavam preocupados com a sobrevivência, problemas políticos, sociais, guerras e o vestuário era funcional.
Os homens são descritos em túnicas de comprimento variável com cinto e mangas até o punho. Capuz, xales ou mantos protegiam as costas. Usavam também meias (chausses) de vários comprimentos que eram duas peças presas por um cinto embaixo da túnica ou calções (braies) que eram calças que iam até os tornozelos presas no quadril por um cordão. Nos pés, usavam um tipo de calçado de couro que chegava até a barriga da perna ou um modelo usado também por mulheres que exibia um trabalho em couro com tiras que se cruzavam na perna.
Já a túnica das mulheres ia do pescoço aos tornozelos, por baixo usavam uma camisa de linho de decote baixo e mangas curtas. As túnicas eram fechadas com broches, fitas, cintos e fivelas de ouro e prata cravejados de pedras preciosas coloridas.
Durante a Idade Média, a riqueza era mostrada com jóias. O broche usado para segurar o manto era um dos principais itens de decoração.
As mulheres casadas usavam o cabelo preso para cima com auxilio de pentes e grampos e os cobriam com um véu; as solteiras usavam duas tranças de cada lado da cabeça ou os cabelos soltos. Podia-se enfeitar os cabelos com fitas ou fios de ouro.
Os homens saxões usavam o cabelo curto, cacheado e uma barba curta e os escandinavos usavam cabelos compridos.
Nenhuma alteração importante foi feita na Moda Medieval até o séculos XI e XII quando acontece a bifurcação da indumentária, ocorre a diferenciação das roupas masculinas e femininas. O vestuário passa a ter um caráter mais ornamental. As roupas deixaram de ser quadradas para ser modelada ao corpo. Surge o corpete do vestido (para as classes altas) que era moldado justo até os quadris. O os vestidos tornam-se mais acinturados presos com uma amarração nas costas, com pequenos decotes e ornamentados com jóias em ouro na cintura e saia ampla caindo até os pés, às vezes formando uma cauda. A sobreposição dos vestidos era comum, usando-se um vestido longo bem ajustado ao corpo por baixo, com mangas justas e compridas e por cima outro vestido que poderia ser um pouco mais curto com mangas longas e caídas.
Os cabelos eram longos, divididos ou meio ou trançados. Também podiam esconder todo o cabelo com um gorro que se estendia até o pescoço, do tipo que vemos sendo usado por freiras. Havia uma faixa de linho chamada Barbette que passava sob o queixo e as têmporas. Para os homens, toucas de linho cobrindo as orelhas ou chapéu Frígio.
  Barbette em Uta von Naumburg e reprodução atual

Idade Média – Anos 1200 a 1350

A produção de tecidos se aumentou e se tornou mais fácil através da invenção da roda de fiar e do tear horizontal. Houve um grande progresso nos tingimentos. Para os ricos, a cor era muito importante. O azul tornou-se moda, sendo adotado pelos reis da França, como sua cor heráldica. Virou moda as mulheres da nobreza se vestirem com cores de suas famílias. As roupas das classes altas e baixas distinguiam-se pela qualidade superior dos tecidos (sedas).
A Moda de vestir-se com cores das Heráldicas:
Havia o vestido longo, ajustado e decotado, fechado por cordões com mangas justas. As sobrevestes tornaram-se populares. Bainhas, golas e punhos podiam ser enfeitados com botões e laços
Os cabelos podiam ser presos, soltos ou repartidos no meio enfeitados com fitas, grinalda de flores, diademas com pedras preciosas, coroas ou tiaras. Podiam fazer longas tranças aumentadas com cabelos falsos ou de pessoas mortas. As mulheres casadas usavam véu sobre os cabelos; as matronas usavam uma touca de linho cobria a garganta (e muitas vezes o queixo), e era usada sob o véu.
Neste século, os homens usavam túnicas lisas, de tamanhos variados e mangas justas, sobreveste e um casaco curto e justo. Debaixo das túnicas vestiam o Brial, e as chausses. As calças em lã, linho ou seda, eram normalmente elaboradas com tecidos listrados ou com cores vivas. A moda eram roupas multicoloridas feitas de dois tecidos contrastantes, um de cada lado, o que foi especialmente popular na Corte Inglesa.  Os cabelos eram encaracolados caídos sobre as orelhas. Nos pés, sapatos ou botas de pontas pontiagudas.
Roupa Multicolorida
Os camponeses tinham roupas básicas, simples e funcionais comumente nas cores cinza ou marrom. Os sapatos eram de pano e muitas vezes andavam descalços enquanto trabalhavam.
No século XIV, a Europa viveu o início de uma Pequena Era do Gelo e a lã era o material mais importante para o vestuário. A seda ainda era o melhor tecido, o mais caro, vindo do Oriente. A moda se tornou um indicador de riqueza e status.
O homem possuía visual mais exuberante que a mulher. Começaram a usar um manto ou xale longo, largo e sem mangas aberto dos lados, e um sobretudo comprido e largo com mangas longas e amplas. Botões e cintos ornamentados com pedrarias. Cabelos curtos podendo-se usar barba terminada em ponta. Nacabeça capirotes (barrete ou gorro em forma de crista), chapéu cônico, cilíndrico ou chaperon de abas acolchoadas e uma tira de tecido caindo até os ombros. Os sapatos eram feitos de couro e tinham inúmeros estilos ou então, botas fechadas com fivelas que cobriam a perna até ao joelho. Os calçados terminavam em uma ponta fina e longa na frente.
Capirote e chaperon
Os vestidos femininos do século XIV, eram simples e elegantes. A túnica, reta nos ombros tinha a saia larga, drapeada e com cauda.  Lá por 1350, o corpete externo foi inventado, sendo que ele  e a saia (costurandos juntos) podiam ser um de cada cor. As vestes eram fechadas com cordões na frente, do lado e a raramente nas costas. A sobreveste era feita de tecido mais valioso e tinha mangas mais curtas. As mangas eram justas até o cotovelo e a parte e trás caía até os joelhos. O casaco contornava as formas do corpo.
Os cabelos eram divididos ao meio e levantados sobre as orelhas formando um caracol e presos com redes (crespine). Neste século, era impressionante a variedade de enfeites de cabeça que se tornaram mais elaborados ainda nos anos seguintes. Os calçados eram iguais aos masculinos: pontudos.

Idade Média – Anos 1350 a 1450

Entre os anos de 1348 a 1350, a peste negra matou um terço da população Européia. Durante a peste era comum entre as mulheres o “Pregnancy Look” (estilo gravidez), elas vestiam um travesseiro sob a roupa para simular estarem sadias o suficiente a ponto de carregarem um bebê no ventre. Quem sobreviveu à peste prosperou, tornou-se rico em um curto espaço de tempo. Mostrar a riqueza adquirida entrou em jogo através da extravagância no vestir.
Homens usando Gibão, Jaquette e beca.
Na moda masculina, o gibão (um tipo de casaco abotoado na frente) podia ser de vários tipos de tecidos, em geral couro ou algum pano grosseiro de boa qualidade. Nunca tinha ornamentos ou bordados e passou a ser acolchoado para realçar o peito. Tinha mangas bufantes, gola alta e dava a impressão de cintura fina. A peça encurtou tanto a ponto de ser considerado indecente e exigir o uso do codpiece, uma aba (como um tapa sexo estofado) que cobria a frente dos calções masculinos e também guardava pertences. Por cima do gibão, podia-se usar a jaquette, que tinha formato de túnica era justada com cinto ou cordão na cintura e podia ser decorada nos decotes ou punho com pele.

A indumentária italiana era igual à inglesa, francesa e alemã, porém o requinte dos tecidos era maior e lá os casacos justos e curtos (acima do quadril) exibiam uma espécie de saia pregueada enfeitada por um cinto ou fivela.
Lá por 1450, na Borgonha, viu-se o que parece ter sido a primeira ocorrência da moda masculina em vestir-se todo de preto, posteriormente conhecido como o estilo “espanhol” (meados do século XVII), a moda da roupa preta foi iniciada pelo duque francês Filipe, o Bom.

Traje Italiano

Filipe, o Bom
Os cabelos eram curtos ao estilo pajem ou compridos e encaracolados podendo ter uma franja. Não se usava barba, se usassem, eram pontudas acompanhadas de um pequeno bigode.
Desde 1380, os sapatos eram muito pontudos (poulaines), as pontas chegaram a até45 cm de comprimento, sendo a sola de madeira para poder manter a ponta sem estragar ou perder a forma. Esse tipo de sapato durou até a era Tudor.
As roupas femininas do século XIV não sofreram grandes modificações,  uma mudança significativa foi o uso da beca, que era acinturada próxima ao busto formando uma cintura alta e tendo uma plenitude sobre a barriga. Essa sobreveste por vezes usava uma quantidade incrível de tecido no corpo e arrastando pelo chão.
Os decotes ainda eram baixos podendo ser em V na parte da frente e de trás; as caudas dos vestidos eram longas, as saias largas. As mangas justas e longas chegavam ao peito da mão e as mangas da sobreveste podiam por vezes se arrastar pelo chão. As mulheres de classe média preferiam roupas simples com bom corte e boas cores. As mangas podiam ser pendentes, longas, em forma de asa ou do tipo saco. Os sapatos eram de bico longo e finos como o dos homens.
Se as vestimentas femininas eram simples, seus adornos de cabeça se tornaram cada vez mais altos e exagerados.  Haviam inúmeras formas de enfeites de cabeça e  uma imensa variedade de penteados elaborados e fantásticos que duraram até o fim do século XV. No final de 1400, os fios de cabelo que cresciam na testa e nas sobrancelhas eram raspados para que o chapéu fosse a atração principal.
Os cabelos dividos ao meio e torcidos na lateral do rosto eram guardados na crespine (rede de cabelo) que tinha estrutura de arame e era usada nas laterais do rosto e adquiriu uma forma cilíndrica ou esférica e sobre essa estrutura prendia-se o véu.
Havia um adorno chamado “borboleta”: uma estrutura presa a um pequeno chapéu que escondia os cabelos, servia de apóio a um véu diáfano com forma de asas de borboleta. A moda foi popular até 1485.
Tinha também o adorno em forma de coração, onde o véu era usado como enfeite.
Mas foi o Hénnin (ou campanário),  que conhecemos hoje como chapéu de bruxa ou de fada que atingiu proporções extremas. Ele surgiu na década de 1400. Era na forma de cone pontudo (70, 80 ou90 cm) em seda ou veludo com um véu preso na parte mais alta. Com o auxílio de vários arranjos de arame o véu era disposto na parte superior do cone e às vezes caía até o chão. Havia também o modelo de dois cones, um de cada lado da cebeça. O hénnin logo evoluiu para uma exibição de status pois exigia que a mulher andasse de maneira lenta e deliberada.
Hénnin de cone ou pré-hennin:
Hénnin no auge das proporções:
O retrato pintado por Jan Van Eyck, “O Casal Arnolfini” de 1435, mostra perfeitamente a moda da época. O homem veste casaco de veludo, camisa preta acolchoada com bordado de ouro nos punhos, meias pretas cobrem suas as pernas. O chapéu indica sua riqueza. No canto inferior esquerdo, um sapato poulaine. A esposa usa uma sobreveste de lã verde com mangas tipo saco e debrum em pele na cor creme e cintura muito alta. Ela não está grávida, apenas usa o famoso “pregnancy look”, comum nesse século, que simula uma gravidez mostrando como ela pode ser fértil para o marido numa época em que a expectativa de vida era baixa e as crianças morriam ainda bebês. A veste de baixo tem a cor azul. Ela também tem os cabelos da testa raspada e usa um crespine com um véu em fino linho.



Texto de Sana, autora do blog Moda de Subculturas 

A HISTÓRIA DA BELEZA


PRÉ HISTÓRIA
Os primeiros sinais de vaidade começaram na Pré História, quando o homem passou a se reunir em grupos e se fixou na terra, surgindo a diferenciação hierárquica. Os chefes, em geral os mais fortes do grupo, enfeitavam-se com as garras e dentes dos animais ferozes que caçavam. Surgiram também as primeiras "pinturas de guerra" que dariam mais força ao guerreiro, além de "assustarem" o adversário. 

EGITO
Homens e mulheres pintavam o rosto por acreditarem na relação entre espiritualidade e aparência. A maquiagem se tornou parte da higiene diária, um verdadeiro ritual de beleza. Os olhos tinham o maior destaque: eram delineados e aumentados com kohl (carvão), as pálpebras recebiam toques de índigo e sobre elas se esfumavam uma sombra em pó, colorida, feita de malaquita moída (pedra). Utilizavam também henna, açafrão, curry e outros pós coloridos. 


GRÉCIA
A maquiagem era usada mas não tanto quanto no Egito. A preocupação maior era com a saúde e a beleza do corpo. Os homens não se maquiavam e procuravam manter a forma com exercício físico, massagens e banhos aromáticos. As mulheres usavam maquiagem leve e os penteados eram elaborados com fitas e cachos. 

ROMA
Os romanos adquiriram dos gregos o costume dos banhos e dos exercícios. Os óleos perfumados de massagem, banhos (termas) faziam parte do ritual de beleza. A maquiagem era mais exagerada entre as cortesãs, mas não deixava de ser usada pelas mulheres dos senadores e da elite. 

IDADE MÉDIA
Teve início com a queda do Império Romano e o domínio do Cristianismo. A vaidade foi condenada pela Igreja que passou a considerar como "hábitos pagãos" o costume das termas, dos banhos e das massagens com óleos perfumados dos romanos. Sendo alvo dessa nova ordem, as mulheres se cobriram com longas e rodadas vestimentas e os cabelos ficaram escondidos sob toucados. Mesmo assim tinham alguns toques de vaidade - os cabelos eram clareados com água de lixívia (cinza do borralho colocada na água) e com o sol. As sobrancelhas eram depiladas e a testa aumentada pela depilação da linha dos cabelos. As faces eram beliscadas e os lábios mordidos para que ficassem rosados.

RENASCIMENTO
Os decotes desceram, os penteados mais elaborados voltaram a ser usados e novamente a maquiagem começou a ser introduzida no dia-a-dia. O luxo do vestuário entrou na moda e, quanto mais nobre, mais enfeitado se apresentava. Surgiram as mouches (moscas), que eram pintas feitas de veludo, colocadas nos seios e no rosto de homens e mulheres. Na pintura eram retratados rostos jovens, ideal de beleza buscado na Grécia. 

SÉCULO XVIII
Na França, homens e mulheres voltaram a exagerar na maquiagem. Foi um período caracterizado pelo exagero em muitas áreas: na pintura, na arquitetura, no vestuário, nos penteados. O empoamento (pó de arroz) deixava rostos e cabelos inteiramente brancos; as perucas chegavam a altura de 50 cm; sedas, rendas, cetim e as mouches estavam no seu apogeu. Os decotes chegavam até os mamilos e o colo era aspergido com vinho tinto para que ficasse mais rosado.

SÉCULO XIX
A era vitoriana influenciou o comportamento e o guarda roupa feminino e masculino na Europa e parte da elite nos Estados Unidos. Roupas mais fechadas, decotes discretos, espartilhos, saias enormes, pouca maquiagem caracterizaram essa época dos cavalheiros e das damas.
  
ANOS 10
O início do século XX foi marcado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que foi a grande responsável pela mudança no modo de ser e pensar da humanidade. As mulheres assumiram novos papéis passando, pela primeira vez, a integrar o mercado de trabalho. O vestuário se tornou mais prático e adequado à rotina das fábricas e escritórios.

ANOS 20
Com o fim da guerra, o divertimento deu o tom desta década de prosperidade e liberdade. Época das melindrosas (eram as mulheres modernas) e dos vestidos chacoalhando ao som de Charleston e do jazz. A mulher começava a ter mais liberdade, os comprimentos subiram chegando à altura dos joelhos - era a primeira vez na história ocidental que as pernas femininas podiam ser vistas em público. Coco Chanel revolucionou a década de 20 com os seus cortes retos, blazers, cardigãs, colares compridos, reproduzindo a sua própria imagem - a mulher bem sucedida, independente, com personalidade e estilo. A maquiagem era forte, os lábios eram vermelhos pintados em formato de coração ou arco de cupido, os olhos bem marcados, as sobrancelhas tiradas e marcadas a lápis. Os cabelos eram curtos (Chanel) tinham franja e corte reto na altura das orelhas.

ANOS 30
A euforia dos anos 20 chegou ao fim com a crise de 1929 (queda da Bolsa de Valores de Nova York). Em geral, os períodos de crise não são caracterizados por ousadias na forma de se vestir. Os anos 30 - ao contrário da década anterior que havia destruído as formas femininas - voltou a valorizar o corpo da mulher, através de uma elegância refinada; as formas eram marcadas, porém naturais. As saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. A moda dos anos 30 descobriu o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol. Os mais abastados iam para lugares à beira-mar para passar as férias.  A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva. O cinema estava no auge e Hollywood, através de suas estrelas, foi um referencial de disseminação de novos costumes. O visual sofisticado da atriz Greta Garbo, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi muito imitado pelas mulheres.
MAX FACTOR, químico que revolucionou a história da maquiagem, criou uma série de truques que deixava as estrelas de Hollywood com um rosto muito especial. Abriu uma indústria de cosméticos, pois as atrizes estavam sempre "roubando" os seus produtos para usar no dia-a-dia. Criou maquiagem para ruivas, morenas e loiras, maquiagem líquida, à prova d´água e outra grande revolução o PanCake - lançado em 1938 para o filme "... E o Vento Levou". A atriz Vivian Leigh tinha a pele muito irregular e o PanCake a salvou nos closes. Surgiram os estojos de bolsa, as mulheres podiam retocar a maquiagem onde estivessem.

ANOS 40
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi novamente um catalizador de mudanças, a moda se tornou mais simples e austera - cortes retos, estilo militar, uso de duas peças criando looks intercambiáveis, racionamento de tecido, roupas recicladas, popularização dos sintéticos (como a viscose). Com a escassez de cabelereiros (até o final da década de 30, a profissão era exercida predominantemente por homens, que estavam lutando) os cabelos eram penteados com uma variedade de ondas e presos com grampos. A simplicidade a que a mulher estava submetida despertou o interesse pelos chapéus, surgiram novos modelos e adornos. A alta costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam frequentar as grandes maisons.

ANOS 50
Com o fim da guerra, a mulher dos anos 50 se tornou mais feminina, glamurosa e sofisticada. Era a consolidação do New Look, uma das principais revoluções da moda, lançada por Christian Dior em 1947. Metros e metros de tecido eram usados para confeccionar um vestido bem amplo, na altura dos tornozelos, com cintura marcada. Os sapatos eram de salto alto, além das luvas e outros acessórios como peles e jóias. As jovens começaram a trocar as orquestras pela música de Elvis Presley. A beleza era um tema de grande importância, com muitos lançamentos de cosméticos. Spray de cabelo, delineador, sutiãs pontudos são as heranças da década. Era também o auge das tintas para cabelos. Os penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte Bardot. O corpo da mulher se tornou mais feminino e curvilíneo, valorizando quadris e seios. Marilyn Monroe eternizou o look dos anos 50, estabelecendo um padrão de símbolo sexual que atravessa décadas.

ANOS 60
Foi uma das décadas mais ricas. Pílula anticoncepcional, homem na Lua, morte de John Kennedy, Martin Luther King, minissaia, os Beatles, hippies, Festival de Woodstock, Guerra do Vietnã, Revolução de 64 (no Brasil), Mao Tsé-tung, Guerra Fria,... Liberdade sexual feminina. Os anos 60 viveram a explosão da juventude, o desejo de liberdade. Os jovens entraram para o mercado de trabalho e as empresas criaram produtos específicos para esse novo consumidor, que pela primeira vez, teve a sua própria moda, não mais derivada dos velhos. A modelo Twiggy, uma modelo inglesa de 1,70m  com 45 quilos, tornou-se o biotipo imitado pelas jovens da época. Foi o auge da estética "lolita", com a sexualização de looks quase infantis. Para manter o ideal de corpo adolescente, as revistas femininas pregavam as dietas e os exercícios. A maquiagem era basicamente nos olhos. Batom e esmalte eram bem claros, em geral branco-leite e os olhos seguiam padrões de tonalidades do rosado ao verde-água, com cílios enormes, negros e bem "postiços". Os cabelos eram armados, cheios de laquê e as perucas estavam na moda.
No final da década, o reduto jovem mundial se transferiu de Londres (cidade da moda desta época), para São Francisco (EUA), berço do movimento hippie. Manifestações e palavras de ordem mobilizaram jovens em diversas partes do mundo. Era o movimento da contracultura, que se afastava da ostentação da jovem guarda, em busca de uma viagem psicodélica.

ANOS 70
Década da discoteca, de Dancing Days, John Travolta, calças boca-de-sino, golas pontudas, plataforma,....O movimento hippie traz referências de outras etnias. Os cabelos recebiam a influência afro e deviam ser enormes, crespos e bem armados. Na maquiagem os olhos eram muito enfatizados (sombras  verde, rosa, azul) e até 1974 os cílios continuaram com força total. As maçãs do rosto tinham muito blush.
Em Londres surge o punk, quando um grupo de garotos desempregados, sintetizando a atmosfera do "No Future" e da falta de perspectivas, protestam com suas roupas rasgadas, muito preto, alfinetes, jaquetas de couro, coturnos e cortes de cabelos "moicanos".

ANOS 80
Era do poder e dos exageros visuais. A mulher passou a ocupar áreas antes reservadas aos homens ganhando status e dinheiro - são engenheiras, arquitetas, gerentes de empresa, donas de seu próprio negócio,... Foi também a época dos yuppies norte-americanos, que lançaram moda para todo o globo com suas roupas de griffe. Com o culto ao corpo começaram a corrida para as academias (febre da ginástica aeróbica), as vitaminas, a geração saúde.
A multiciplidade das tribos urbanas alcançou algo nunca visto - coexistiam punks, góticos, skinheads, new wavers, rappers (do hip-hop americano). A música influenciou fortemente a moda.
A ambiguidade foi um traço marcante da década - estampas de oncinha, cores cítricas, acessórios "fake" conviviam com discretos tailleurs e com roupas de moletom e cotton-lycra recém-saídas das academias. A maquiagem tinha batons de cores vivas como o pink e o vermelho, os olhos eram bem pintados com sombras fortes, os cílios eram alongados com máscaras coloridas (verde e azul). Os cabelos tinham gel para o look molhado, mousse para criar volume, ao lado das permanentes e topetes altos.
No fim da década apareceram as supermodels - Linda Evangelista, Naomi Campbell, Cindy Crawford, Claudia Schiffer - eram as mulheres mais glamourosas, desejadas e invejadas. Ocuparam o imaginário da mídia e do público, antes reservado às estrelas de Hollywood.
A mistura de tendências e a ambiguidade que caracterizou os anos 80 provaram que todos os limites são relativos e que a moda não é mais que a projeção de sonhos, idéias e aspirações - tudo é possível no mundo da criação.

ANOS 90
Trouxe o low profile, o minimalismo, pregando a simplicidade em oposição à extravagância e aos excessos visuais dos anos 80. O ideal era uma calça Calvin Klein com uma camiseta pólo, um Keds,... O heroin chic (palidez, olheiras e magreza excessiva) se tornou padrão. A modelo Kate Moss personificou esse estilo, muito reproduzido nos editoriais de moda.
O grunge conquistou o mundo e a moda com bandas de Seattle como Nirvana. No extremo oposto, a indústria do luxo se expandiu e revitalizou marcas esquecidas.
Os jovens dos anos 90 ganharam espaço com marcas e estilos para cada tribo. Os adolescentes passaram a mudar de estilo cada vez mais rápido. Entrou em ascensão as tatuagens e os piercings.
A moda mais plural, estimulou o estilo próprio e individual, dando pistas para a virada do milênio.

ANOS 2000
A globalização e o desenvolvimento da mídia aumentaram muito a velocidade da informação. Modelos brasileiras como Gisele Bündchen, Carol Trentini, Fernanda Tavares, Isabeli Fontana, ... passaram a estrelar campanhas de grandes grifes mundiais e invadiram as passarelas.
Estilistas brasileiros passaram a apresentar coleções nas semanas de moda de Nova York e Paris.
O governo do presidente Lula deu continuidade à política de estabilização econômica iniciada na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Brasil se tornou um "país na moda". Guias e revistas de estilo voltaram-se para o país estendendo seus predicados para além do samba, praia, futebol e Carnaval. A moda tornou-se plural e subjetiva. Com várias possibilidades, a mulher faz a escolha baseada no seu estilo. O look ficou mais natural para cabelos e maquiagem. Iniciou-se a "ditadura da juventude" - nunca se usaram tantos recursos médicos e tecnológicos para frear o envelhecimento.


E a indústria de cosméticos se especializa cada vez mais em proporcionar bem estar, auto-estima, tornando os cuidados com a beleza, mais eficazes e mais práticos de serem inseridos no dia-a-dia.
Cremes nutritivos para cabelos usados durante a noite. Produtos naturais com ativos orgânicos em substituição aos derivados petroquímicos. Produtos específicos para homens como shampoos e tratamento facial. Loções corporais auto bronzeantes. "Spa em casa" - produtos de tratamento corporal  que proporcionam a auto indulgência, o prazer e o relaxamento. Loções corporais, desodorantes, sabonetes com edições limitadas de cuidados especiais com a pele no verão. Maquiagem que trata e protege a pele. Finalizadores que modelam e tratam os cabelos... A lista é grande... e os produtos irão oferecer cada vez mais recursos seguindo estilos de vida, tendências,... tudo é movimento e evolução.

Referências:
Senac
Palomino, Erika - A moda/ Erika Palomino. São Paulo: Publifolha, 2002.
Scalzo, Marília - Trinta anos de moda no Brasil: uma breve história. São Paulo: Editora Livre, 2009.
Almanaque Folha